sábado, 28 de maio de 2016

Proposta de Temer é neoliberal e quebrou a Europa, diz Requião

Segundo o senador do PMDB, o pedido de impeachment da presidenta Dilma
Rousseff é uma "asneira monumental"

Para o senador Roberto Requião (PMDB-PR), o impeachment da presidenta
Dilma Rousseff é uma “monumental asneira”. Em fala no plenário, nesta
quarta-feira (11), ele defendeu que não ocorreu crime de
responsabilidade por parte da presidenta.

“Se tivesse ocorrido, então também teria crime de responsabilidade em
16 estados, inclusive no estado do relator”, afirmou Requião, sobre o
relator do processo no Senado, Antônio Anastasia (PSDB-MG).

Neoliberalismo e a crise na Europa

O senador afirmou que as propostas defendidas pelo vice-presidente
Michel Temer, seu correligionário, são uma “série de ideias vinculadas
à utopia neoliberal”. E mencionou a proposta de Temer de aumentar a
idade de aposentadoria para 65 anos. “Sabem vocês, Senadores, qual é a
idade média dos homens em Alagoas? É 65 anos e 8 meses. Então, os
alagoanos estariam condenados, se sobrevivessem, na média, a terem 8
meses de uma aposentadoria depois de uma contribuição na vida
inteira.”

Requião ainda lembrou que essa utopia quebrou diversos países da
Europa. “Toda a proposta arquitetada pela assessoria de Michel Temer é
neoliberal, fala em cortes, mesma proposta que desgraçou a Europa,
trouxe crise na Espanha e que praticamente liquidou a Grécia”,
afirmou. “Quando vejo o entusiasmo de pessoas mais inocentes e
desinformadas da economia com o que vai acontecer no dia seguinte da
derrubada da Dilma, eu fico imaginando que são todos uma espécie de
meninos a aprender a jogar xadrez pela primeira vez, não conseguindo
raciocinar sobre um segundo, um terceiro ou um quarto lance. Vejo o
desastre se aproximando, porque ninguém conserta este País com o
liberalismo que arrebentou a economia da Europa.

“Vejo o desastre se aproximando, porque ninguém conserta este País com
o liberalismo que arrebentou a economia da Europa”

“Em 2010, quando a Grécia utilizou esse remédio neoliberal, da forma
como é proposto para o Brasil agora, o déficit público era 104% do
PIB. Era um desespero para os gregos e o temor de toda a Europa.
Privatizaram tudo, cortaram na saúde, cortaram na educação, cortaram
na previdência, liquidaram aposentadorias. Em 2015, que é o último
dado oficial que eu tenho, o déficit tinha ido para 184% do PIB, e a
crise havia se aprofundado.”

O senador mostrou-se descrente em relação às soluções propostas pelo
peemedebista Temer, e criticou quem acredita nelas como saída para a
crise: “Estamos com um entusiasmo que não sei de onde vem, a não ser
que venha realmente da ignorância sobre a economia e sobre o que
acontece no mundo, imaginando que vamos derrubar a Presidente da
República e iniciar uma mudança com um Ministério que tem algumas
figuras notáveis, mas uma maioria de pessoas absolutamente inadequadas
para o comando da República”, disse, antes de votar pelo não
afastamento da presidenta Dilma Rousseff, enfatizando: “meu voto é
contra a besteira, a monumental asneira do impeachment da Presidente
da República neste momento”.

Uruguai não reconhece governo Temer

O ministro das Relações Exteriores e chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin
Novoa, se posicionaram mais uma vez contra o impeachment de Dilma
Rousseff, e disse neste sábado que seu país não tem intenções de
reconhecer Michel Temer como presidente do Brasil; "Com certeza
estamos muito preocupados com esta situação e esperamos que tudo
ocorra dentro dos parâmetros constitucionais e institucionais. Não
haverá nenhum tipo de comunicação. Já dissemos o que deveríamos ter
dito, de maneira que não temos mais nada a agregar", disse Nin Novoa;
golpe já foi rechaçado por outros vizinhos sul-americanos, como
Bolívia, Venezuela e Equador

14 de Maio de 2016 às 15:32

"O Uruguai se manifestou politicamente, já disse o que tinha que
dizer. Com certeza estamos muito preocupados com esta situação e
esperamos que tudo ocorra dentro dos parâmetros constitucionais e
institucionais. A posição do nosso governo está clara, pois nós já nos
posicionamos a respeito disso", disse Nin Novoa em entrevista a
jornalistas na quinta-feira (12), data do primeiro dia de mandato do
presidente em exercício.

Questionado se irá entrar em contato com Temer ou com alguém de seu
gabinete, o chanceler foi direto: "Não haverá nenhum tipo de
comunicação. Já dissemos o que deveríamos ter dito, de maneira que não
temos mais nada a agregar."

O vizinho do sul não é o único país que não reconhece a legitimidade
do peemedebista como chefe de Estado brasileiro. Já a Ministra das
Relações Exteriores da Rússia, María Zajárova, afirmou que "é
inaceitável a interferência externa na atual situação política do
Brasil" e que Moscou espera um país "estável e democrático".

De acordo com o portal da TeleSur, o governo do Chile também
manifestou sua preocupação com as circunstâncias em que Dilma foi
afastada. "Nos preocupamos com a nossa nação irmã, que tem gerado
incerteza em nível internacional", alegou institucionalmente em
comunicado.

Ainda no Chile, o Partido Comunista local se posicionou contra "a
violação do Estado Democrático de Direito", em referência ao
impeachment. Outras legendas e órgãos, como o Die Linke, da Alemanha,
e o PSUV, da Venezuela, bem como a Unasur (União das Nações
Sul-Americanas), também criticaram duramente o processo.

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